Eles serão o que somos – Jornal Árvore da Vida
Parece uma lei natural: mais dia, menos dia, aquilo que os pais defendem, seus pontos de vista, seus conceitos e preconceitos, suas “verdades”, tudo vai manifestar-se nos filhos. Talvez ninguém preste atenção nem se importe se essas “verdades” são princípios, valores, fatos reais ou apenas comentários irritados ou sentimentos hostis contra pessoas, circunstâncias e fatos da vida. Desde muito cedo os filhos vão assimilando com todo o seu ser essas manifestações dos pais: nunca deixam de perceber suas reações na face, no tom da voz, nos gestos. E cada uma delas vai sedimentando-se em seu coração, formando seu caráter.
Temos de considerar que “verdades” vivemos, expressamos e alardeamos. Enquanto aguardamos o nascimento do filho, seria oportuno que, como pais, avaliássemos o conjunto de conceitos e valores que respaldam nossa vida. Quando os pequeninos chegam, logo nos preocupamos em alimentá- los e fortalecê-los e ficamos aflitos com qualquer coisa que possa afetar a saúde ou o conforto deles. Mas poucos pais se preocupam com os conceitos e valores que, inevitavelmente, vão contribuir na formação da emoção, do discernimento e do caráter dos filhos.
É urgente que os pais revejam seus conceitos. Por exemplo, que conceito você tem sobre o casamento? Trata-se de uma união que pode ser dissolvida quando os problemas mais graves surgem? É uma armadilha? É uma relação que não pode ser mantida na vida moderna? Ou é algo criado por Deus para guardar o homem do pecado, um ambiente recheado de situações úteis para os cônjuges amadurecerem mais rápido pelo exercício da paciência, da misericórdia, da ternura, do amor? Afinal, seus conceitos são negativos ou positivos acerca dessa instituição?
Que impressões você tem sobre Deus? É um Deus distante que abandonou a raça humana a seu destino? Alguém indiferente que pouco se importa conosco? Ou o Criador do homem, para o qual tem um propósito bem definido? Afinal, sua relação com Deus é pessoal ou impessoal?
Em que conceitos você baseia o sucesso? Como algo que é medido e pesado pelo acúmulo de bens materiais? Pela projeção na sociedade? Pela capacidade de discernir a vontade de Deus e cumpri-la? Pelo equilíbrio e maturidade demonstrados nas soluções das dificuldades que se levantam na vida humana? Afinal, você avalia o sucesso pela posse de coisas exteriores, como carros, dinheiro, propriedades, objetos de alta tecnologia, ou pela conquista de coisas interiores, como Deus, discernimento, maturidade espiritual e percepção clara da origem e do propósito do homem?
Poderíamos fazer um sem-número de considerações a fim de identificar conceitos que acabam tornando-se o arcabouço de uma vida, como sexo, entretenimento, família, amigos, mídia e muitos outros temas sobre os quais talvez você nunca tenha pensado, mas que, de qualquer maneira, influenciam seu estilo de vida e desenham o perfil psicológico e espiritual de seu filho, refletindo-se na humanidade dele.
Se quiser saber como você é, basta olhar para seu filho, e, se quiser saber como serão seus filhos, basta olhar para você. Muitos pais já tiveram a experiência de ser iluminados a respeito de si mesmos ao perceber como seus filhos agiam, viviam, andavam, julgavam, reagiam. Quando viram nos filhos atitudes que consideravam nocivas, esses pais puderam arrepender- se, refizeram sua escala de valores e procuraram ter um novo começo com seus filhos e em seu próprio modo de vida.
Nós, pais, precisamos estar atentos à nossa própria condição, nosso modo de viver e de encarar as coisas, sobretudo, diante de circunstâncias adversas, pois nossos filhos são, de fato, um reflexo do que somos. Se queremos formar cidadãos equilibrados para a sociedade e pessoas que Deus vai utilizar sem restrição, roguemos a Deus que nos dê, também, uma vida equilibrada em todos os sentidos.
“Este é o livro da genealogia de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez; homem e mulher os criou, e os abençoou e lhes chamou pelo nome de Adão, no dia em que foram criados. Viveu Adão cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e lhe chamou Sete” (Gênesis 5:1-3).
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